Ostinato, pra mim, era uma palavra estranha e curiosa. Nada mais do que isso.
Na época que eu não estudava, que eu achava que já tocava bem, até cheguei a freqüentar alguma masterclass de bateria… Entre elas, a masterclass de um excelente baterista brasileiro chamado Mauricio Zotarelli, quando ele passou aqui por Barcelona, há alguns anos. O Maurício mora em Nova York, e faz alguns anos já que ele é considerado um dos melhores bateristas de jazz da atualidade, e deu para notar as razões disso na workshop.
No meio da workshop, mais de uma vez se falou sobre ostinatos. Principalmente nas perguntas do público. Eu, no momento já me dando conta que eu de verdade não tocava bem (impossível pensar o contrário depois de ver o Maurício tocando na minha frente), comecei a prestar atenção nas perguntas, nas respostas…. mas não conseguia decifrar que diabos significava aquela palavra!! Ostinatos?!?!
Ainda assim, prestei bastante atenção no que diziam. Pensei: “se presto atenção no que dizem, porque de verdade parece muito importante, quando eu chegar em casa posso buscar o significado dessa palavra estranha, e aí tudo vai fazer sentido.”
E fez.
Para quem não sabe, eu explico aqui: ostinatos, de maneira resumida, são padrões que se repetem. Na bateria, por exemplo, um ostinato pode ser o padrão dos pés tocando samba, baião ou bossa nova. Figuras rítmicas que não mudam. E para o momento de estudos, os ostinatos são super interessantes, pois com eles tu pode redescobrir muitos exercícios de rudimentos, por exemplo, que hoje tu acha super fáceis.
Se tu nunca experimentou estudar dessa maneira, tenta fazer o ostinato do baião nos pés e, ao mesmo tempo, fazer paradiddles na caixa com as mãos. Sim, os paradiddles de sempre…. esses que tu já tá cansado de fazer. Tu vai ver que, agora, a dificuldade é outra. Provavelmente tu vai precisar diminuir muito a velocidade do metrônomo no princípio, até te acostumar com tudo o que tá acontecendo agora.
O Maurício, em um momento da workshop, falava sobre estudar os ostinatos em momentos nada “comuns” (ou muito comuns, dependendo do ponto de vista). Lembro de ele comentar sobre estar olhando televisão, sentado no sofá, e, ao mesmo tempo, fazendo ostinatos com os pés. Tem toda a lógica do mundo, quando tu chega à conclusão que se tu consegue ter uma parte do corpo funcionando sem pensar, de maneira automática, como os pés em um groove de samba, tu terás muito mais liberdade para fazer coisas diferentes com as mãos. Fica a dica…
Ultimamente nas minhas sessões de estudo, tenho utilizado bastante os ostinatos com os rudimentos.Cada vez que vou estudar, depois de passar por uma rotina inicial que tenho o costume, penso em algum novo ostinato com os pés e repasso alguns rudimentos. É muito interessante a independência dos membros que vou conseguindo com esses exercícios, assim como novas idéias para grooves e frases.
Se algum dia tu está estudando e chega num ponto de estagnação, experimenta isso. Mete um ostinato nos pés, algum rudimento nas mãos, um pouco de paciência e pouca velocidade no metrônomo. E seja feliz 😉
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Você conhece o poder dos Ostinatos?,
Ola Eduardo, obrigado pela dica, sou batera de samba, e como todo sambista temos muitas dificuldades em condução de samba rápido, procuro usar as colcheias e buscar pausas dentro da sequencia e variar o bumbo, um abraço qualquer dicar pode mandar
Alo Eduardo, tudo bem?
Sou baterista de Moçambique e quero espressar a minha gratidão, pela explicação dos Ostinatos.
Passarei a acompanhar as tuas aulas.
Abraço