Rolou, dia 29 de janeiro, o que foi possivelmente o primeiro Webinário de bateristas brasileiros. Eu tive a sorte de participar, junto com Ramón Pika-Pau e Derek Melo, do canal Monster Batera.
Conversamos durante mais de uma hora sobre um dos grandes problemas de qualquer baterista: a estagnação.
Sobre minha experiência pessoal com a estagnação já comentei no Webnário, porém, pensei em comentar algo mais nesse texto de hoje. Vou tentar deixar minha experiência um pouco mais clara, que pode servir como referência para vocês.
Eu toco bateria desde 1997, ou seja, faz quase 18 anos.
De todo esse tempo, mais de 10 anos eu passei tocando quase que exclusivamente com bandas de blues. Eventualmente, alguma banda de rock, mas principalmente foram bandas de blues. Foi um aprendizado muito interessante e muito importante para que eu me tornasse o baterista que sou atualmente, e tô feliz por ter passado por isso.
Entre outras coisas, tocando blues eu aprendi a estar à disposição da música, fazendo única e exclusivamente o que cada canção necessitava. Sem malabarismos, sem querer nem precisar destacar entre os músicos. Aprendi a fazer uma banda “caminhar”, e aprendi a não me entediar tocando quase sempre as mesmas coisas, os mesmos ritmos, os mesmos fills. Mais que isso, aprendi a ter feeling tocando. Foi uma escola maravilhosa.
Por outro lado, encontrei, nessa época tocando praticamente sempre os mesmos grooves e mesmos fills, uma sensação que com certeza todos os bateristas já enfrentaram algumas vezes. Aprendi o que é estar estagnado.
Me sentia seguro por ter um repertorio efetivo de fills e grooves para praticamente qualquer situação que eu me encontrava. Só que, quando comecei a prestar mais atenção em outros bateristas de blues, percebi que eles traziam outras texturas e cores para esse mesmo estilo musical que eu já estava mais que adaptado. Então, me dei conta que eu não tinha evoluído nada como baterista, em quase 10 anos. Seguia fazendo sempre as mesmas coisas, e seguia sem conseguir fazer nada diferente.
Por coincidência, na mesma época comecei a tocar com bandas de outros estilos musicais. Tive que me acostumar com feelings, intenções, grooves e frases bem diferentes do que eu estava acostumado, e não foi nada fácil. Eu estava estagnado, e não sabia como sair dessa estagnação.
Depois de um primeiro momento de pânico e pensamentos do estilo “eu não sirvo para isso”, resolvi parar de escutar meu lado pessimista. Comecei a me analisar como baterista e como amante da música, tanto tecnicamente como conceitualmente. E resolvi começar quase que de zero outra vez.
Como se fosse uma pessoa que sabe falar, sabe ler, entende o que os outros dizem, mas não sabe escrever muito bem, ou tem problemas de comunicação, que pensa algo mas não consegue transmitir exatamente o que pensa para os outros. Essa pessoa precisaria voltar a ter aulas básicas do idioma. Gramática, concordância verbal, interpretação, ortografia. E isso foi o que eu resolvi fazer, com a bateria.
Mais que isso, tive que mudar muitas características pessoais. Sempre fui muito preguiçoso com meus estudos… Muitas vezes acordava, olhava o relógio e voltava a dormir… porque, no fim, meu chefe sou eu… E isso não é bacana. Com isso, perdia horas, dias de estudos. Perdia a seqüência diária, a rotina de estudos. Perdia, muitas vezes, a vontade de ir estudar.
Ao perceber isso, fiz o que possivelmente foi minha mudança mais importante: a mudança de atitude. Como comentou Derek no Webinário, me tornei uma pessoa motivada. Recuperei muitas das razões que me fizeram tocar bateria, e criei novos objetivos também.
Não vou dizer que isso funcionou, porque essa minha nova etapa começou não faz muito tempo, e tá muito longe de terminar. Mas com certeza está funcionando, e muito bem.
Nesse mesmo webinário, que falávamos sobre a estagnação, o Derek Melo apresentou uma novidade bem bacana: um curso online bem completo com dicas e exercícios super específicos de como vencer a estagnação. Tanto na música como em outras partes das nossas vidas.
Dá uma conferida nesse link abaixo que tu vai entender melhor:
Bueno, por hoje era isso.
Nos vemos em breve!
Quantas estrelas este artigo merece?
O perigo da estagnação na bateria,
Eduardo neto, seus videos do YouTube vem me ajudando de uma tal maneira que não sei como explicar…
A forma como explica e executa a pratica do que se fala é bem precisa! Assisti outros baterista tbm, mas não foi a mesma coisa, muita conversa e menos ensinamento e nesse ponto VC fala e executa logo, fica muito mais claro de entender e valeu pelo seus vídeos que estão me ajudando bastante… Obrigado!
A creatividade vem sempre quando se tem boas infliuências e se ouvem estilos de música variados. È como aprender um alfabeto, de A a Z você não usa sempre as mesmas palavras para se expressar correcto? O mesmo com a música. Ah, e se largar de vez os “pads de treino”, e em vez de repetir sempre os mesmo exercicios vezes sem conta, experimenta largar essa merda e tocar apenas no instrumento, vais ver que as ideias vêm depressa. 🙂
Boas dicas, Mendes!
Mas eu não largaria os pads não…. usaria naqueles momentos que não dá para estudar na bateria. Assim, não estaria substituindo o instrumento pelo pad, mas aproveitando o pad para somar mais tempo de estudos, sem tirar o protagonismo do instrumento.
um abraço!