Há tempos vejo a carreira musical como um empreendimento e o nome do músico como seu maior produto.
Independente de endorsements, do artista com o qual trabalhamos ou se somos nós mesmos os nossos próprios “donos”, acredito que não há como transformar o nome em uma marca sem que haja a construção de uma imagem que defina tanto nossa identidade visual como o que fazemos e o que usamos. Tudo agrega, tudo importa e tudo deve ser pensado como investimento e não como custo.
Quero dividir algumas informações que fui acumulando nos anos de carreira e que ainda hoje tenho aprendido diariamente sobre a importância da imagem para o artista individualmente ou em grupo, para as marcas parceiras e algumas maneiras que cada um tem para explorar essa poderosa ferramenta.
Por trabalhar em um nicho na indústria do entretenimento onde a prestação de contas exige uma ampla cobertura fotográfica e registro em vídeo das atividades realizadas, juntamente com meus companheiros de banda (que também são meus sócios na produtora que temos), decidimos contratar um profissional para gerenciar esses processos, assim como trabalhar com nossa imagem, desde a criação de logotipos, postagens para redes sociais e obviamente, fotos, fotos e mais fotos, tanto no palco como na estrada e também em ensaios específicos.
Tiramos a sorte grande ao conhecer o George, um cara formado em design gráfico, com experiência em agências de publicidade e que por também ser músico, possui um “olhar” muito interessante para fotos de performances ao vivo e conhece detalhes de cada instrumento que o permitem captar ângulos que transformam espaços e pequenos shows em um “grande evento”.
Os assuntos abordados a seguir tiveram o acompanhamento do George, que me deu várias dicas sobre o que escrever para compartilhar com vocês. Portanto, o crédito (ou as reclamações) não devem ser direcionados só a mim 😀
Entender a si mesmo. O que conta é o que somos por dentro
Já faz tempo que tocar bem não é o mais importante – e não deixou de ser em momento algum – mas só tocar bem já não significa muito quando se trata na gestão de carreira de um músico ou artista.
Além do “play”, hoje cada um tem que se preocupar com sua aparência pessoal, com a construção de sua imagem artística, com o estilo de visual (pois tem muito baterista que adota um estilo de visual que o impede de tocar direito), isso sem falar da quantidade de “sem noção” que acreditam que o artista, o músico ou o conteúdo vem de fora pra dentro.
Gente que do dia para a noite aparecem tatuados e com o visual todo alterado em nome de um reconhecimento musical (mas a boa música a gente reconhece pelo ouvido ou será que tudo mudou e só eu não entendi?)
Hoje existem grifes especializadas em fazer roupas para bateristas ou que identifiquem aquele que usa como baterista, quer seja profissional, hobbysta ou entusiasta e é importante que além da gente se identificar como baterista na hora do “play”, também tenhamos alguma coisa que nos diferencie dos demais.
Daí entra a união entre o “áudio e o visual”.
Gerar conteúdos, montar o equipamento de uma maneira que o diferencie dos demais, usar algum acessório, cabelo diferente, etc., tudo isso pode influenciar na forma com que seu trabalho é visto pelo seu público, por outros músicos, pelas marcas que você representa e para a classe baterística como um todo, já que na maioria dos casos sempre estamos “escondidos” por trás do nosso equipamento ou em uma posição que não nos dá tanto destaque.
Papel / obrigação do artista / endorsee em manter sua imagem
O tempo muda quase tudo e a gente também deve se atualizar; se repaginar, mas devemos ser fiéis a nós mesmos e a essência do que um dia nos tornou o que somos.
Nos preocuparmos com o nosso visual e apresentação pessoal é fundamental para manter o bom relacionamento com nosso público direto e indireto. Diretamente temos os fãs e formadores de opinião que estão sempre de olho e se espelham nas tendências que seguimos ou até mesmo no que criamos no aspecto visual.
Tudo isso tem a ver com a nossa postura, cuidados com a saúde, etc., mas agora vamos nos aprofundar um pouco mais: Como, de quanto e qual tem sido o seu investimento em manter-se munido de conteúdo de imagem sobre sua carreira e com que frequência você tem alimentado seus fãs, seguidores, patrocinadores, etc., com material a seu respeito?
Gerar um conteúdo de qualidade não é barato (e nem deve ser feito de graça, a troco de permutas ou por aquele seu “brother” que gosta de fotografia. Invista em um conteúdo gerado por um profissional. Que até pode ser alguém de seu convívio e que goze de sua total confiança, mas acredite: Somente um trabalho pelo qual paga terá como ser exigido e o valor do retorno é muito superior ao preço que você vai pagar.
Minha dica é que você pesquise sobre o custo de uma cobertura fotográfica de um show importante, de um ensaio fotográfico em um estúdio (tocando ou simplesmente fotos mais “posadas” para fins promocionais) e que você entenda que isso é um INVESTIMENTO e não um CUSTO.
Outra dica é: Alimente sua base de fãs e seus parceiros/patrocinadores com esse material com frequência. As marcas não tem a obrigação de gerar esse tipo de material e sim você.
Nada pode ser mais autêntico do que você mesmo tocando (por mais que as caretas sejam inevitáveis, uma foto espontânea transmite verdade e isso faz com que outros músicos e também seus fãs se interessem por detalhes que não seriam percebidos com uma foto de má qualidade.
Uma vez fazendo isso, você terá condições de cobrar de suas marcas parceiras uma melhor exposição. Não adianta querer que sua foto saia em um catálogo ou qualquer outro material promocional se ao ser solicitado para enviar fotos para o seu patrocinador (coisa que nem precisava pedir), você mandar uma foto de celular, com quase nenhuma resolução, sem foco e com uma luz que não favorece.
Identidade do fotógrafo / videomaker e linguagem de captação
Okay. Agora que já entendemos a importância de cuidar de nossa imagem é importante escolher quem vai se encarregar de captar essa imagem para que seja aproveitada da melhor forma. Existem vários estilos de fotografia e ambos tem grande importância para o artista.
Como já mencionei antes, em minha banda (EX4), contamos com a companhia do George Gargiulo, que assina a nossa comunicação visual, criou o novo logotipo da banda, registra nossos shows e também faz nossos ensaios promocionais.
Mas pra que tudo isso? Respondo:
Existem estilos diferentes de fotografia e um bom profissional deve transitar bem em todos os campos para explorar e obter os melhores resultados de aplicação destas imagens para cada finalidade.
Para isso, antes de exigir que “você saia bem na foto”, procure entender o que é um retrato, o que é uma foto artística, o que é uma imagem para peça publicitária e o que é uma foto jornalística.
Quanto mais informação você tiver, melhor você sai na foto, e uma dica super importante: NUNCA diga ao fotógrafo que as fotos dele são boas por causa da câmera. Imagine se alguém disser que é o seu equipamento que faz você tocar melhor. Por mais que isso tenha um fundo de verdade, fotógrafos gostam de ser elogiados por seu olhar, por seu talento e não pelo equipamento que eles possuem.
Pode ser que você não use todo o acervo criado de uma só vez, mas procure sempre otimizar seus ensaios fotográficos, mantendo os registros para oportunidades de criação de materiais promocionais, release de imprensa, outdoors, etc.
Lembre-se de que um bom trabalho de imagem será o diferencial na hora de uma contratação (Pois acredite: Os grandes contratantes em sua maioria se decidem em contratar o seu espetáculo musical pelo material que você tem e não pela quantidade de notas que você toca, se você sabe ou não fazer “Stick Tricks” ou se o seu CD foi gravado em “Abbey Road”.
Investimento:
- Pessoal (equipamentos, cursos, etc)
- Valorização do profissional de imagem (Remuneração, valorização pessoal e reconhecimento da importância artística).
Assim como cada um de nós investe horas de estudo, rios de dinheiro em equipamentos, etc., o profissional de imagem investe em cursos, equipamentos e merece ser valorizado pessoal e profissionalmente.
Capturar imagens é uma arte. Respeite, incentive e por mais que as coisas não estejam fáceis financeiramente, não peça nada de graça. Afinal, como li em um texto enviado pela internet um dia desses, “contratar um profissional é muito mais barato do que corrigir os erros de um amador”.
Bons sons e boas fotos a todos!
Agradecimento especial / Crédito das fotos: George Gargiulo
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