Clube do Baterista

Como fabriquei minhas próprias caixas de Bateria

Depois de vários shows em tantos lugares diferentes ao longo dos anos, existem alguns momentos que ficam marcados na memória.

Um desses momentos, para mim, aconteceu em um festival de blues em 2014, na Espanha e a razão para que esse momento tenha ficado gravado na minha memória foi a bateria que eu usei nesse show.

Um dos patrocinadores desse festival era uma marca artesanal de baterias. Justamente por isso, a bateria que eles tinham no palco, para as bandas era dessa marca.

Em um primeiro momento, o que me chamou a atenção foi o visual dessa bateria. Não pelo tamanho ou quantidade de tambores, nem pela cor, mas pela maneira da qual esses tambores eram feitos.

 

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Os tambores das baterias “industriais”, das marcas conhecidas e disponíveis no mercado, normalmente são construídos com lâminas finas de madeira coladas uma na outra dentro de algum tipo de molde, que garante que essas lâminas tenham a forma redonda do tambor.

Ao contrário das baterias “industriais”, os tambores dessa bateria artesanal eram feitos com blocos maciços de madeira, o que em inglês chamam de “Staves”.

 

A lógica é simples: esses blocos de madeira são cortados com alguns ângulos específicos em cada lateral, assim, quando tu colocas um ao lado do outro, eles terminam formando uma figura geométrica. Por exemplo, se tu usas 8 blocos maciços, a figura será um octágono, como uma placa de “pare” das esquinas das cidades.

Esses blocos são colados lado a lado, e depois, quando a cola já está seca, se utilizam processos para transformar essa figura geométrica em um círculo, arredondando por fora e por dentro. Com o mesmo processo, também é possível controlar a espessura desse tambor.

A segunda característica desses tambores que me chamou muito a atenção foi possivelmente a mais importante: o som.

Eu já tinha tocado em muitas baterias na minha vida. Algumas ruins, outras excelentes, das mais diversas marcas. Mas nunca tinha escutado uma bateria que, para o meu gosto, tivesse um som tão interessante, tão peculiar.

Logo após o show, eu busquei um dos artesãos responsáveis em fazer essa bateria e conversei com ele. Parte da conversa vocês podem conferir nesse vídeo:

 

Bueno, depois disso, ao longo desses últimos anos, fui buscando mais informações sobre o assunto, conhecendo outras marcas artesanais de baterias, e a minha vontade de ter um instrumento construído dessa maneira foi crescendo cada vez mais.

Porém, como qualquer produto feito artesanalmente e de qualidade, esses tambores possuem preços bastante elevados. E é algo compreensível, visto que são feitos à mão por pessoas qualificadas e que têm um cuidado especial com cada tambor que produzem.

Depois de pensar muito, de fazer contas, ver muitos e muitos vídeos tutoriais e de conversar com amigos artesãos, tomei uma decisão importante: resolvi fazer eu mesmo os meus tambores.

 

 

Economizei dinheiro para comprar algumas máquinas necessárias (serra, tupía, lixadora e etc), encontrei uma loja aqui na minha cidade onde vendem madeiras maciças e coloquei mãos à obra.

A ideia inicial é fazer caixas. Provar métodos que vou aprendendo em tutoriais no YouTube e em fóruns online, provar tipos de madeiras, medidas e espessuras de tambores para, no futuro, quando eu dominar todos os processos da produção de um tambor, criar uma bateria inteira.

Nesse vídeo eu explico um pouco melhor esse processo, exemplificando com alguns tambores em diferentes etapas do processo:

 

Até o momento (abril de 2017), eu comecei a fazer 5 caixas, mas consegui terminar apenas duas, por culpa de erros em diferentes partes dos processos, como por exemplo não conseguir o diâmetro adequado do tambor, ou não conseguir deixar o tambor redondo, erros que me ensinaram bastante.

Uma das caixas que tenho terminadas é justamente o projeto com a madeira vermelha, chamada Padauk, que aparece nesse vídeo anterior, em sua primeira etapa.

Abaixo você pode ver algumas fotos dessa caixa já terminada.

Em breve publicarei um vídeo dela, para quem tiver curiosidade em escutar como soa.

Spoiler: soa muito bem!! 🙂

 

Confira as fotos.

 

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